A Longa Marcha: Caminhe ou Morra
CRÍTICA


"A Longa Marcha" é um daqueles filmes que chamam a atenção mais pela ideia do que pela execução. A proposta é simples: uma competição mortal onde o lema é “caminhe ou morra”. A partir disso, o roteiro se apoia totalmente na tensão e na torcida que o público cria por determinados personagens. É um conceito interessante, principalmente porque, no mundo em que vivemos, não parece impossível imaginar que algo tão cruel e desumano pudesse acontecer de verdade. Essa proximidade com a realidade dá ao filme um certo impacto moral e psicológico que o torna envolvente.
Visualmente, o filme é coerente com a proposta. A fotografia aposta em tons frios e desgastados, que reforçam a sensação de exaustão e desesperança. Tudo é conduzido de forma contida, como se o próprio filme também estivesse “resistindo” junto aos personagens, o que acaba sendo uma escolha interessante, ainda que não muito ousada.
No fim das contas, "A Longa Marcha" é um bom filme, com uma ideia provocante e momentos de tensão genuína. Mas ele também é simples demais. Falta algo mais profundo, uma camada a mais de reflexão ou ousadia na direção, que o fizesse sair do básico e se tornar memorável. Ainda assim, é uma experiência válida, especialmente para quem gosta de histórias que testam os limites humanos e exploram até onde as pessoas são capazes de ir para sobreviver.
Nota : 7 | 10
O filme também trabalha bem a questão da resistência humana. A cada passo, os competidores enfrentam não só o cansaço físico, mas também o peso mental de continuar quando o corpo já não aguenta mais. Essa dimensão psicológica é o que dá um pouco mais de força à narrativa, mostrando como a esperança e o medo podem ser motores igualmente poderosos. É impossível não se colocar no lugar dos personagens e imaginar até onde conseguiríamos ir em uma situação parecida.
As atuações seguem essa linha de simplicidade. Nenhum desempenho é extraordinário, mas todos cumprem bem o papel dentro do que o roteiro exige. Cada personagem tem uma personalidade diferente, alguns mais frios, outros mais emotivos, e isso ajuda a manter o interesse, mesmo que a história seja linear e previsível. A jornada é física, mas também mental, e o filme tenta equilibrar esses dois lados ao mostrar como o desespero e a resistência moldam cada um deles.
