Adolescência
CRÍTICA


A internet, nos dias atuais, pode ser tanto uma ferramenta benéfica quanto uma força destrutiva, impactando a sociedade de maneiras opostas. A série "Adolescente" explora esse contraste de forma envolvente, desenvolvendo com precisão a investigação de um crime e a influência da tecnologia na vida moderna. O roteiro acerta ao abordar temas como o bullying e a sensação de impunidade no ambiente digital, refletida no infame slogan "a internet é uma terra sem lei", onde conteúdos inapropriados circulam sem controle, muitas vezes ao alcance de crianças e adolescentes. Além disso, a série traz uma visão realista do ambiente escolar, onde professores enfrentam não apenas o desafio do ensino, mas também a difícil missão de educar filhos de pais negligentes, que falham em impor limites básicos.
Esse retrato da desvalorização docente adiciona um tom de crítica social relevante à narrativa. Tecnicamente, "Adolescente" impressiona com sua fotografia impecável, utilizando planos longos e sequências bem elaboradas, demonstrando um planejamento cuidadoso da direção. As atuações são um ponto alto, especialmente a do protagonista Owen Cooper, que entrega um desempenho marcante, equilibrando emoções de forma convincente conforme a trama exige. O desfecho, apesar de anticlimático e de deixar algumas pequenas pontas soltas, é coerente com a mensagem da série: certos acontecimentos não possuem um "final feliz". Essa escolha narrativa pode frustrar alguns espectadores, mas não compromete a força do enredo nem a profundidade dos temas abordados.
No fim, "Adolescente" é uma obra que provoca reflexão e escancara as consequências de um crime em uma família já fragilizada, tornando-se um retrato atual e necessário da nossa sociedade hiperconectada.
NOTA: 9,5|10
