Ainda Estou Aqui

CRÍTICA

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Passando-se no período da ditadura militar, "Ainda Estou Aqui" traz consigo uma carga emocional pesada, reflexo de uma época marcada pela repressão, pela falta de liberdade de expressão e pela violência. O filme, com sua trama intimista, explora o impacto desse contexto caótico na vida de uma família comum – os Paiva – e faz isso com uma sensibilidade que nos leva a criar empatia por cada um de seus membros, em especial pela personagem Eunice, interpretada por Fernanda Torres. O roteiro constrói, de forma gradual e cuidadosa, a trajetória dessa família, criando uma conexão emocional com o público, que passa a acompanhar as escolhas e dilemas de cada personagem. Selton Mello, em seu papel, brilha com uma atuação carismática, tornando-se uma presença que facilmente nos faz importar com o destino de seu personagem.

No entanto, é Fernanda Torres quem realmente rouba a cena, entregando uma performance fenomenal. Sua interpretação transita por uma gama de emoções de maneira impecável, capturando a complexidade de seu papel e acrescentando uma profundidade extra ao filme. A atuação de Torres é, sem dúvida, um dos grandes destaques.

A ambientação da década de 70 é outro ponto forte. Desde os figurinos até os cenários, tudo é meticulosamente trabalhado para transportar o espectador ao Brasil da época, conseguindo refletir o clima de tensão e incerteza que permeava o cotidiano. A trilha sonora, por sua vez, se integra perfeitamente às cenas, complementando o tom emocional do filme e realçando a atmosfera de opressão e resistência.

A direção, ao longo de toda a trama, mantém o ritmo e a intensidade de forma equilibrada, culminando em um final que, além de fechar com chave de ouro, emociona profundamente.

NOTA: 10|10