Eddington
CRÍTICA


Ari Aster sempre se destacou por fugir do tradicional, e Eddington segue essa mesma lógica. O início é promissor: o roteiro apresenta uma dualidade interessante ao colocar em conflito uma pandemia de pessoas contra o uso de máscaras e as consequências de seguir ou ignorar protocolos. Esse embate logo envolve o espectador, que se vê dividido entre os posicionamentos do xerife, vivido por Joaquin Phoenix, e do prefeito, interpretado por Pedro Pascal.
As atuações são sólidas, sustentadas por um elenco de peso, mas os personagens em si não despertam tanto envolvimento. Isso enfraquece o impacto do destino final de cada um deles, que acaba não sendo tão significativo. Em contrapartida, a fotografia é marcante: o cenário desértico dialoga com a própria ideia de vazio que permeia a cidade e, em certa medida, com a narrativa.
No fim, Eddington é um filme que parece não saber para onde ir. Falta-lhe uma personalidade clara, e o roteiro se perde no caminho. Ainda assim, não deixa de ser uma experiência curiosa, que entrega um desfecho mais consistente e consegue resgatar um pouco do que havia ficado pelo meio da estrada.


A força dessa discussão se intensifica porque dialoga diretamente com a experiência recente da humanidade diante da COVID-19.
Nota : 7,0 | 10
No entanto, essa potência narrativa se perde quando o filme passa a focar quase que exclusivamente na vida pessoal do personagem de Phoenix. Essa escolha soa desinteressante diante do potencial que o tema central tinha para se desenvolver.
Ainda assim, em alguns momentos o longa consegue retomar parte da sua relevância ao explorar o papel da internet como catalisador de debates deturpados, onde dores que não pertencem a determinados grupos são apropriadas apenas para justificar ataques gratuitos, transformando o espaço digital em uma espécie de "terra sem lei".
