Elio

CRÍTICA

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Tentando equilibrar sua produção entre continuações seguras e histórias originais, a Pixar lança "Elio", uma animação que, apesar de não atingir o brilho de suas obras mais memoráveis, entrega uma narrativa com identidade própria. O maior mérito do filme está em seu protagonista. O fascínio de Elio pelo espaço e pelo desconhecido funciona como uma metáfora clara para sua busca por pertencimento, autoestima e, acima de tudo, amor. A relação com sua tia marcada por um afeto profundo, mas também por ausências e conflitos adiciona um tom emocional que ressoa especialmente com aqueles que também encontram no “fora da Terra” um refúgio simbólico para as dores daqui. Como espectador que compartilha essa paixão pelo universo e pelo que está além de nós, criei rapidamente empatia com Elio. Sua jornada não é só cósmica, mas profundamente íntima e humana. Visualmente, "Elio" é belíssimo. O estilo de animação é vibrante, com planetas, criaturas e cenários que reforçam o senso de descoberta.

A trilha sonora, ainda que não marcante, cumpre bem seu papel e ajuda a sustentar a atmosfera emocional da história. O núcleo alienígena, embora não seja especialmente inovador, traz alguns destaques carismáticos, como Ooooo e o simpático Glordon. Já o antagonista, Lord Grigon, peca por uma motivação fraca e pela falta de presença, o que acaba enfraquecendo o clímax e quebrando um pouco o ritmo do filme em um momento-chave. É impossível ignorar o contexto da recepção: com a pior estreia de bilheteria da história da Pixar, "Elio" parece vítima de um paradoxo atual. Critica-se o estúdio por lançar sequências de sucessos passados (Toy Story 5/ Os Incríveis 3), mas também se ignora (e até rejeita) quando ele aposta em ideias originais e diferentes. "Elio" pode não ser um marco na trajetória da Pixar, mas está longe de ser um fracasso criativo.

É uma animação que aposta no coração, na imaginação e na conexão entre mundos — reais ou inventados. E, nesse sentido, merece ser vista.

NOTA:8,0|10