Emilia Pérez
CRÍTICA


Emilia Pérez chegou ao Oscar com surpreendentes 13 indicações, um feito que levanta questionamentos sobre a real qualidade do filme e a influência de sua campanha. Tentando analisá-lo de forma independente, sem comparações com o nosso querido "Ainda Estou Aqui", fica evidente que, apesar de sua proposta instigante, a execução deixa a desejar em diversos aspectos. O roteiro tem seu mérito ao abordar a transição de gênero da protagonista de maneira sensível, mas apresenta furos de lógica que enfraquecem a narrativa. Há situações que deveriam ser óbvias para certos personagens, mas que, por conveniência do enredo, são ignoradas. Isso compromete a credibilidade da história e gera momentos de frustração para o espectador.
Os diálogos também são um problema, soando artificiais em muitos momentos. A discrepância de sotaques, principalmente no caso de Selena Gomez, torna a imersão ainda mais difícil. No entanto, Zoe Saldaña se destaca e entrega uma atuação dramática sólida, sendo um dos pontos altos do filme. Karla Sofía Gascón, cuja jornada pessoal se reflete na personagem, tenta dar profundidade ao papel, mas tem dificuldades nas sequências musicais, onde sua performance se mantém apenas no nível do aceitável.
As músicas, por sua vez, tentam impulsionar a narrativa, mas poucas se destacam. Algumas, ao invés de engrandecerem a trama, acabam causando constrangimento, falhando em criar o impacto emocional desejado. O musical, que poderia ser um diferencial poderoso, acaba se tornando um dos pontos fracos da obra. No fim, "Emilia Pérez" é um filme que parte de uma ideia interessante, mas que tropeça na execução, especialmente nos aspectos musicais.
Suas numerosas indicações ao Oscar parecem um exagero diante de seus evidentes problemas, deixando a sensação de que seu reconhecimento pode ter sido impulsionado mais por discursos externos do que por sua real qualidade cinematográfica.
NOTA:5,0|10
