F1: O Filme

CRÍTICA

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Em meio à crise criativa que assola Hollywood, é curioso notar o tempo que demorou para que a Fórmula 1ganhasse um blockbuster à altura. "F1", estrelado por Brad Pitt, surge para preencher essa lacuna com energia de sobra ainda que aposte em um roteiro simples, quase previsível. O foco aqui não é exatamente a complexidade dramática, e sim a experiência. A narrativa gira em torno de Sonny Hayes (Pitt), um ex-piloto veterano que retorna às pistas ao lado de Joshua Pearce (Damson Idris), jovem promessa do automobilismo. A dinâmica entre os dois funciona bem, misturando rivalidade, respeito e companheirismo e a escolha de Idris como co-protagonista não passa despercebida. Em um esporte historicamente elitista e quase inteiramente branco, a presença de um ator negro remete inevitavelmente a Lewis Hamilton, o único piloto negro da F1 real, e adiciona uma camada crítica interessante ao filme.

Brad Pitt, por sua vez, está em forma. Carismático, sarcástico na medida certa e completamente à vontade no papel, ele encarna o espírito rebelde e apaixonado que o filme pede. Sua conexão com o legado de Ayrton Senna, sugerida em flashbacks e diálogos, é um toque emocional que deve agradar aos fãs mais antigos. Embora alguns detalhes técnicos fujam da realidade da categoria como a ausência de pilotos reservas ou a manipulação exagerada do safety car, essas licenças poéticas não comprometem o resultado final. A autenticidade é resgatada pela inserção de equipes e pilotos reais, o que ajuda a manter a trama ancorada no universo da F1 real. O grande trunfo de "F1", no entanto, está na sua execução visual e sonora. A imersão proporcionada pelas câmeras coladas aos carros, a fotografia ousada e a mixagem de som são simplesmente de tirar o fôlego.

É um filme feito para ser sentido, especialmente por quem já vibrou com uma corrida real. Assistir em IMAX, se possível, é quase uma obrigação. A edição é outro destaque: ágil, precisa e fluida, ajuda a manter o ritmo sem jamais perder a tensão. É uma obra que valoriza o espetáculo, sem deixar de lado o fator humano. "F1" não reinventa nada, mas entrega exatamente o que promete e, às vezes, isso é mais do que suficiente. Uma experiência cinematográfica envolvente, vibrante e obrigatória para fãs de automobilismo e admiradores de Brad Pitt.

NOTA:8,5|10