GOAT

CRÍTICA

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Com um marketing fortemente atrelado ao nome de Jordan Peele, "Goat" chega carregado de expectativas e promessas de uma obra provocadora. No entanto, Peele atua apenas como produtor, e isso fica evidente já nos primeiros minutos. Falta aqui a identidade criativa e o olhar afiado que marcam suas produções como diretor. O resultado é um filme que tenta ser profundo, mas acaba preso em sua própria pretensão.

Por outro lado, Marlon Wayans se destaca como antagonista. Sua presença em cena é marcante, e ele consegue transmitir a arrogância e a frieza de um personagem que representa o sistema competitivo e impiedoso que o filme tenta criticar. É uma atuação precisa, que contrasta com a apatia do restante do elenco.

Tecnicamente, Goat é competente. A fotografia é visceral, com tons e enquadramentos que reforçam a tensão e o desconforto da narrativa. A montagem é ágil e a trilha sonora dialoga bem com o ritmo das cenas, especialmente nas passagens mais intensas. Porém, quando a estrutura narrativa é fraca, os acertos técnicos acabam servindo apenas como enfeite, uma embalagem bonita para um conteúdo vazio.

O maior problema de "Goat" é a superficialidade com que aborda seus temas. O filme tenta ser uma alegoria sobre o sacrifício e a vaidade, sobre o custo de se tornar o melhor de todos os tempos, mas não vai além da superfície. Falta profundidade psicológica, falta nuance. Tudo é mostrado de forma exagerada e literal, o que transforma o que poderia ser uma reflexão poderosa em algo raso e, por vezes, bobo.

No fim, "Goat" é uma experiência frustrante. Tinha todos os elementos para ser um retrato intenso da ambição moderna, um drama psicológico sobre a linha tênue entre genialidade e destruição, mas se perde em sua própria pressa e vaidade. É um filme que quer dizer muito, mas não consegue articular o que realmente tem a dizer. Com tanto potencial desperdiçado, "Goat" acaba se tornando exatamente o oposto do que queria ser: um produto genérico, que se leva a sério demais, mas que esquece o essencial, contar uma boa história.

Nota : 2,5 | 10

A trama gira em torno da obsessão pelo sucesso e da busca quase desumana por ser o melhor, um tema potente e atual, especialmente no contexto esportivo. A ideia é boa, e o filme até acerta em alguns momentos ao mostrar como essa busca pode corroer a mente e o corpo de quem a persegue. Porém, o roteiro não consegue sustentar o peso da proposta. As motivações do protagonista nunca parecem claras ou convincentes, e isso prejudica o impacto emocional da história.

Tyriq Withers até se esforça para dar camadas ao personagem principal, mas sua atuação carece de intensidade e verdade. É difícil se importar com ele, não apenas pela performance irregular, mas porque o filme não constrói laços afetivos com o público. Falta empatia, falta conexão. E quando a base emocional falha, o drama sobre testar limites simplesmente não funciona. O espectador observa, mas não sente.