Juntos

CRÍTICA

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O ano vem sendo especialmente generoso para o terror, com obras que exploram novas linguagens e subgêneros. Nesse cenário, "Juntos" surge como um título que, embora tropece em alguns momentos, tem coragem de arriscar e de se diferenciar. O filme não se limita ao susto fácil ou ao clichê de criaturas sobrenaturais, mas escolhe como base um tema humano, profundo e incômodo: a dependência emocional e física em relações abusivas.

O final certamente será motivo de debate. Para alguns, pode soar frustrante ou incoerente. Para outros, é justamente a ousadia que dá identidade ao filme. Mesmo que cause estranhamento, a conclusão é corajosa e coesa dentro da proposta construída. Em uma indústria que frequentemente recicla fórmulas previsíveis, "Juntos" se destaca por arriscar em um desfecho que não tenta agradar a todos, mas se mantém fiel à sua lógica narrativa.

Nota : 7,5 | 10

Esse é o ponto mais interessante da obra. O roteiro trabalha esse conceito de forma progressiva, utilizando o terror e o gore como ferramentas de expressão. O clima que se constrói é de sufocamento, claustrofobia e toxicidade, algo que transcende o horror gráfico para atingir também o psicológico. A sensação é de aprisionamento, como se o espectador fosse obrigado a partilhar da mesma dinâmica nociva que envolve os protagonistas.

Falando neles, Tim e Millie apresentam boa química em cena, mas o desenvolvimento dos personagens não chega a ser totalmente satisfatório. A falta de empatia com os dois, em especial pela maneira pouco convincente como Tim reage a certas situações, compromete parte da experiência. É um detalhe que pode afastar o público, sobretudo porque a identificação com vítimas em filmes de terror é geralmente um motor essencial para a tensão..

Em contrapartida, há acertos técnicos importantes. A trilha sonora intensifica os momentos de maior suspense, dando peso e textura às cenas de horror. O trabalho com o gore é notável, equilibrando efeitos práticos e digitais de forma crua e impactante, sem cair no exagero gratuito. Esses elementos visuais e sonoros sustentam o clima perturbador e tornam a obra mais visceral.