O Agente Secreto

CRÍTICA

1 min ler

Estreando como um dos principais filmes nacionais do ano, fui assistir "O Agente Secreto" com expectativas moderadas para não me decepcionar e realmente não me decepcionei. O roteiro funciona muito bem ao retratar a ditadura no Nordeste em forma de capítulos, com o espectador tentando montar o andamento do filme, já que ele flutua entre passado e presente.

A trilha sonora é envolvente e a reconstrução histórica, somada à fotografia, cria uma conexão imediata com o período retratado. É muito bom ver um filme nacional em que, em várias cenas, pensamos: “isso é a cara do Brasil”, principalmente com a presença da lenda da perna cabeluda, que reforça o tom cultural e regional da narrativa.

O final, num primeiro momento, me causou certa decepção, mas ao refletir sobre as camadas e tentar conectar as peças, percebi como o filme é mais grandioso do que parece. É uma obra que pede para ser revista e que se torna mais rica a cada nova observação. O Agente Secreto é um grande trabalho de Kleber Mendonça Filho e merece todas as possíveis indicações ao Oscar para representar o cinema brasileiro.

Nota : 10 | 10

Em alguns momentos é possível se sentir um pouco perdido, mas no final tudo se conecta. O ritmo pode pesar para algumas pessoas, mas para mim não foi um problema.

Wagner Moura está sensacional. Ele consegue transmitir diversas emoções de forma sutil, conforme cada cena exige, e rapidamente conquistou minha empatia. Por ser um personagem perseguido, despertou em mim um medo genuíno sobre o seu destino, deixando-me tenso até mesmo nas cenas mais calmas. O elenco de apoio acompanha muito bem a trajetória do filme, especialmente Dona Sebastiana, que representa aquele tipo de pessoa que todo mundo conhece e reconhece na vida real.