Quarteto Fantástico: Primeiros Passos

CRÍTICA

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Iniciando oficialmente a Fase 6 da Marvel, Quarteto Fantástico chega com a missão de resgatar a confiança do público e apresentar novos rostos que conduzirão os próximos passos do MCU. E, apesar de alguns tropeços, o filme consegue cumprir bem essa missão ao apostar em uma estética diferente e uma narrativa mais contida. Um dos grandes acertos está justamente na escolha de apresentar o Quarteto como os únicos heróis de seu planeta. Essa decisão dá um respiro à trama, fugindo da já saturada fórmula do multiverso e da necessidade de conectar infinitos personagens. Aqui, a história se sustenta por si só. O grupo funciona bem em tela, com uma dinâmica que brilha tanto nos momentos de calmaria quanto nas sequências de ação. A química entre os protagonistas é orgânica, o que ajuda a envolver o espectador.

O humor também é um problema. Enquanto os diálogos mantêm um tom mais sério, as cenas de ação são recheadas de piadas que quebram a tensão, muitas vezes prejudicando a sensação de perigo iminente. Além disso, o CGI funciona de maneira razoável, mas em alguns momentos, como nas cenas com o bebê Franklin, é evidente o uso de computação gráfica, o que compromete a imersão.
Como introdução de novos personagens e ponto de partida para uma nova fase, Quarteto Fantástico é um filme consistente, visualmente interessante e com personagens promissores. No entanto, tropeça em escolhas pontuais que impedem que ele alcance um patamar mais alto dentro do MCU.

(Desabafo com spoiler sobre a Marvel): Mais uma vez, temos um filme que funciona muito bem de forma individual, mas que não escapa da fórmula Marvel de incluir uma cena pós-crédito que serve apenas como gancho para outro projeto. No caso de Quarteto Fantástico, quase nada dentro do filme aborda o multiverso ou liga diretamente aos grandes eventos que se anunciam, mas a cena final força uma conexão externa. O mesmo acontece em Thunderbolts, onde a própria nave do Quarteto aparece indo para um universo “principal” ou seja, sempre há algo grande nas cenas pós-créditos, mas raramente essas promessas têm um desenvolvimento imediato. No fim, somos colocados em um ciclo de expectativa constante, quase obrigados a assistir ao próximo lançamento esperando por respostas... que nem sempre chegam.

NOTA: 8,0 | 10

A estética do filme também merece destaque. Com uma vibe mais retrô e contemplativa, o longa foge do excesso de ação e aposta em cenas mais cadenciadas, o que funciona até certo ponto. Quem rouba a cena é a Surfista Prateada, que surge com imponência e um arco de passado interessante, trazendo uma profundidade que muitos coadjuvantes do MCU não tiveram nos últimos anos. Por outro lado, Galactus é um ponto de frustração. Mesmo com um visual fiel aos quadrinhos, sua ameaça não é construída com o peso que deveria. Suas aparições carecem de impacto e seu desenvolvimento é raso, devora planetas por fome insaciável, deseja raptar Franklin para se livrar disso… mas qual é a origem de tudo isso? O filme sugere uma dualidade nele, como se houvesse uma bondade latente, mas nada é aprofundado.